quinta-feira, 7 de março de 2013

Pensamentos - Nelson Rodrigues


As frases não representam a opinião do grupo, apenas os pensamentos do autor escolhido.

 http://lista10.org/celebridades/10-frases-geniais-de-nelson-rodrigues/

Proposta Geral



                      https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLDT6WQR-b_-1C-mgkGv_R5_7X5Kxm1EYyIe4Jw-4tuy9hGpULppif6WXJJQg0yB-VXKSUwZEPCD7rdw4C7gfGxkaasG2zyAKUB0o4449kc2Nv4KNL7E4fMC4ccYY1tRITKQy01bkv93Y/s1600/radio_getty.jpg

Intencionamos apresentar de forma dinâmica, com uso das novas tecnologias, uma arte que já foi muito consumida nas primeiras décadas do século XX, principalmente nas décadas de 40 e 50.

As rádionovelas encantaram gerações com a apresentação de contos e histórias através da narrativa dramatizada e os detalhes sonoros, que levam o ouvinte a vivenciar cada capítulo, cada fase da história narrada.

A telenovela é hoje o maior nicho de entretenimento no Brasil. Retomar a radionovela é um projeto inicialmente simples, mas que pode agradar tanto aos mais experientes, que de alguma forma tiveram contato com essa forma de narrativa, quanto atender às expectativas do publico mais jovem, que está cada vez mais aberto para novas experiências, novas oportunidades e novos produtos. Ainda que a nova experiência seja o resgate de um modelo anterior.

A virtualidade auxilia na produção de subprodutos e na transmídia, com possibilidade de interação por parte do ouvinte, opinando, compartilhando e construindo enredo e personagens.

O projeto prevê a releitura dos contos de Nelson Rodrigues, iniciando pela série “A vida como ela é”, foram 1000 contos públicos nessa linhagem, através jornal Última Hora. Mas utilizamos como base a antologia em livro.

O autor foi escolhido pela sua atualidade, apesar de contextos sociais diferenciados. Atualmente, Nelson Rodrigues é mais bem aceito pela sociedade e as reações a sua obra são mais brandas, porém as críticas e questionamentos por ele levantados são ainda pertinentes. Além disso, é um dos dramaturgos mais importantes do país e, ainda, aproveitamos o centenário, completado em 2012.

O primeiro texto escolhido é um dos mais famosos da série, “A Dama do Lotação”.  Um bom exemplo de como a adaptação pode ser trabalhada, já que buscaríamos levar o enredo para dentro do metrô, mantendo o ambiente do transporte público, mas próximo dos novos ouvintes.

Decidimos que o processo de adaptação e roteirização é a parte mais delicada do processo, pois é necessário usar uma linguagem mais contemporânea, pensando em interpretações de locução com linguagem atualizada, mas respeitando o estilo de Nelson Rodrigues, sem perder sua ácida crítica social e moral, mas com uma linguagem contemporânea e ainda que pudesse ser veiculada às 19h, horário incomum para obras do autor, pelo constante teor sexual.

Público e Horário

Novela costuma ser apontado com u mformato feminino, mas sabemos que não são apenas as melhores que se interessam, o texto sarcástico e perspicaz do autor é perfeitamente capaz de atrair o público masculino.

A faixa etária também é bastante abrangente já que o formato não é limitante, e as obras de Nelson Rodrigues sempre foram capazes de atingir diversas gerações, porém é conteúdo adulto, sendo voltado a todo aquele que ultrapassar a maioridade.  

Mas nós objetivamos um público específico, aquele que está no trânsito, lugar no qual o rádio ainda é grande companheiro. Encontramos o horário das 19h, em rádio que, por liminar, não transmite a Voz do Brasil, como a Rádio Gazeta FM.

Para alcançar a faixa de horário pretendida, optamos por adequar o conteúdo ao horário, já que a essência dos contos não será alterada. É mantida a crítica e a acidez, mas a abordagem deixa de ser explícita.

Gazeta FM

A rádio tem uma audiência muito popular, mas inteiramente musical. Não há qualquer criação ficcional na grade de programação. Propomos uma nova idéia, um programa popular, mas em formato diferenciado dentro da programação da rádio. As classes atingidas, são as denominadas C e B, porém a obra de Nelson Rodrigues, como a história mostra, é capaz de atingir classes mais abrangentes, não seria surpresa atingir um público que atualmente não é o foco da rádio, afinal é oferecido um produto já conhecido da população, mas nunca adaptada para o áudio.

Estrutura

Cada episódio deverá ter em torno de 10 minutos, semanalmente. Caso haja necessidade de episódio maiores ele seriam divididos, respeitando o clímax para manter a expectativa do ouvinte.

Cada bloco de 10 episódios deverá ser representado por uma diferente companhia de teatro, promovendo um espaço para esses grupos na rádio. Assim, há uma linhagem geral de adaptação já explicada, mas cada companhia oferecerá um olhar aos capítulos pelos quais for encarregada.

O espaço cultural de São Paulo é muito amplo e muitas boas iniciativas são pouco conhecidas, a radionovela aparece para oferecer uma convergência cultural que levará ao ouvinte um entretenimento de qualidade, com bons textos, o resgate de um formato e apresentará, semanalmente, diferentes olhares e linguagens que posteriormente formarão um painel diversificado de linguagem dramática e radiofônica oferecido em uma compilação em mídia, a cada 10 episódios, ou seja, cada CD é o olhar de uma companhia de teatro, assunto também já tratado.

Questões Contratuais

Para a viabilização do projeto seria no mínimo necessário um contrato com a família do Nelson Rodrigues para a permissão dos direitos de adaptação, com a rádio para a veiculação e com os grups de teatro.

Todos eles precisam apresentar a manifestação de vontade entre as partes envolvidas e suas devidas identificações (através de nome completo, nacionalidade, profissão, RG, CPF e endereço completo), identificar o objeto do contrato, ou seja, o objetivo envolvido, o prazo para concessão, veiculação ou participação, no caso específico da radionovela. Necessário também a definição de valores e formas de cumprimento de pagamento, as claúsulas penais para definição das consequências em possível quebra de contrato.

Necessários também o Local e data da impressão e as partes assinarem com reconhecimento de firma e duas testemunhas( apresentação de nome, RG e CPF). No caso do contrato com a companhia de teatro também são necessárias as autorizações do uso de voz, que podem estar contidas nas claúsulas do contrato.



Fonte: http://books.google.com.br/books?id=0ilyd-6OuAsC&pg=PA27&lpg=PA27&dq=a+vida+como+ela+%C3%A9+jornal&source=bl&ots=09NtTs0Tu_&sig=7XkZOdrfbwnBqylBXOcOxL7Pyk0&hl=en&sa=X&ei=5XY4UbetH5LO9AS12YFI&ved=0CEAQ6AEwAw#v=onepage&q=a%20vida%20como%20ela%20%C3%A9%20jornal&f=false

Cibele Lima e Salete Corrêa 

Sim, Radionovela!


                https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjzFi9MLuWp1Hba3x_vYLoNA04mroTf1L1JZu6QzIku1ZpuSD33PczyRmMwaNOungyyYny3HK50UAERxBSkunmAHW6nOAzmLNkf5FG_BSssm6jNrw-f2iClChLZnOnsqx1N1VfHJSh4Y7IW/s1600/radio+novela+anos+60.JPG

O formato é intrigante pois traz narrativa que aproxima o ouvinte de seu cotidiano. Cada personagem carrega em si uma verdade, um significado que pode ser facilmente relacionado com quem ouve. 

As histórias de Nelson Rodrigues em “A Vida Como Ela é” apresentam fatos do cotidiano, com pessoas de classes sociais diferentes, mas com "causos" que bem podem fazer parte da vida de todos. 

Com a releitura, temos o objetivo não de copiar a arte do célebre escritor mas, sim, relembrá-lo, torná-lo cada vez mais conhecido, admirável e, se possível, ainda mais atual, lembrando sempre o seu trabalho tão importante para a arte e para a sociedade.

O áudio valoriza e instiga a imaginação, a criação de imagens a partir da narrativa que se apoia na união da locução com a sonoplastia.

Cibele Lima.

Compilação de Capítulos

Ao final de cada temporada um interessante planejamento pode ser utilizado, a compilação. Muitos programas de rádio musicais internacionais e nacionais disponibilizam a compilação das melhores músicas do semestre, do ano e até mesmo do mês em um CD ou arquivo mp3.

Além disso, a compilação é capaz de desenvolver maior interação entre o programa e o ouvinte, pois é dado aos ouvintes o direito, através de votação, de escolher quais programas merecem aparecer na compilação.

No caso do presente trabalho seria apresentado uma compilação ao final de cada temporada, ou seja, ao término de 10 episódios. Sendo que estes episódios estariam disponíveis em CD.

quarta-feira, 6 de março de 2013

Divulgação da Obra em Podcast

Como o intuito deste trabalho é a busca de uma releitura da obra de Nelson Rodrigues "A Dama da Lotação" mostra-se interessante utilizar recursos contemporâneos como o famoso Podcast.

Dessa maneira, após cada capítulo, ele estaria disponível também em Podcast, quer seja no iTunes ou no Podomatic (sites e organizações especializadas em Podcast) para que os ouvintes pudessem ouvir quantas vezes desejassem e também pudessem baixar o arquivo, ou para aqueles que não pudessem acompanhar durante a transmissão na rádio.

Dessa maneira, alguns trechos seriam gravados para que a obra original seja consultada e assim captada em sua íntegra.

Caso queira saber mais sobre os Podcasts confira os dois sites citados acima: http://www.apple.com/br/itunes/ 
http://www.podomatic.com/login

Postado por Paulo Paixão.

Estrutura para a Produção

Para realizar a edição, criação e manipulação dos efeitos sonoros que poderiam ser utilizados na novela de Nelson Rodrigues "A Dama da Lotação" são importantes os seguintes materiais: Uma mesa de som, microfone, um pc, sala de gravação (estúdio), ferramentas de edição e todo material pertinente para gravação e mixagem de trilhas.

Postado por Paulo Paixão.

Enfatizando o Roteiro

"A Dama da Lotação" de Nelson Rodrigues retrata um homem que desconfia da fidelidade de sua mulher e expõe isso ao seu pai em uma conversa que ambos têm.

A seguir será retratado o passo a passo da obra em que efeitos sonoros podem ser utilizados. Além disso, haverá a apresentação da vinheta de abertura e de fechamento no final do texto.

"Às dez horas da noite, debaixo de chuva..." (efeitos do som característico da chuva e trovões). "Carlinhos foi bater na casa do pai." (batida em madeira). "E ele desabando na poltrona, com profundíssimo suspiro." (som da deformação de estofado devido à massa de uma pessoa e um suspiro de preocupação).

"Carlinhos ergueu-se..." (efeito sonoro retratando o retorno da constituição física do estofado). "Depois voltou e sentando-se de novo..." (recurso sonoro enfatizando novamente o efeito de deformação). "O filho riu amargo." (Uma risada irônica e angustiada que pode ser interpretada pelo ator). "O filho já estava na porta, pronto para sair; disse ainda..." (efeitos sonoros idealizando passos de pessoas). "Se for verdade o que eu desconfio, meu pai, mato minha mulher! Pela luz que me alumia, eu mato, meu pai!" (neste trecho do texto é possível inserir um efeito da porta se abrindo e em seguida do som de carros e de movimento do lado de fora, no caso, a rua, encerrando dessa maneira o capítulo).

Quanto a vinheta de abertura algo como determinado fundo musical remetendo a uma música de Tchaikovsky, podendo ser até mesmo "Lago dos Cisnes" é capaz de fornecer uma impressão mais clássica em relação aos sentimentos expressos na radionovela, entretanto é possível abordar uma outra temática, pois a obra sendo uma releitura mostra-se também adequado utilizar uma música contemporânea remetendo à um novo referencial. Portanto, o mesmo pode se aplicar a vinheta de fechamento para o programa, chamado o ouvinte a escutar o próximo capítulo.

terça-feira, 5 de março de 2013

Curiosidades Sobre as Aplicações do Rádio

Na busca interminável de responder a pergunta e suprir a necessidade, possivelmente mais primitiva do homem, de que realmente está sozinho, ou não, neste vasto universo, alguns projetos inovam e buscam alternativas curiosas.

Este é o caso do Instituto SETI (Search For Extraterrestrial Intelligence), o qual, como diz o próprio nome, busca vida inteligente fora de nosso mundo, utilizando a captação de ondas de rádio para encontrar esses possíveis seres extraterrestre.

Para tanto, o SETI parte do pressuposto de que qualquer forma de vida inteligente é capaz de utilizar as ondas de rádio para comunicação, pois esta é a forma mais rápida de comunicação conhecida.

E o SETI não só capta, mas também transmite ondas de rádio, pois possui programação que pode ser ouvida por nós na Terra e também pelos "possíveis" extraterrestre, abordando assuntos relacionados a pesquisa científica na área da Astronomia e da Astrobiologia, entre outros assuntos.

Para captar os sinais de rádio o SETI dispõe de radiotelescópios que estão vasculhando as estrelas em busca de algum sinal de vida inteligente, contudo desde a fundação do Instituto em 1984, somente as estrelas mais próximas foram vasculhadas, já que as ondas de rádio viajam à velocidade da luz no vácuo e muitas estrelas distam vários anos-luz da Terra.

Enquanto as provas não chegam e não conseguimos responder a esta pergunta, deixo como minhas palavras a frase ilustre do ícone da Astronomia brasileira, Ronaldo Rogério de Freitas Mourão: "A ilusão é sempre mais poética."

Saiba mais sobre o SETI na página oficial do Instituto: http://www.seti.org/  (A página está em Inglês)

Veja esse vídeo que relata a intenção do SETI e descreve um pouco sobre a Astrobiologia.

                                                                    http://www.youtube.com/watch?v=NGM0TFJrH_8

Questões Legais de Veiculação


A Secretaria Nacional de Justiça (SNJ) é uma das cinco secretarias que fazem parte do Ministério da Justiça e possui vasta área de atuação. 


A SNJ tem como uma de suas competências a atribuição da classificação indicativa à obras audiovisuais (programação de TV, cinema, DVD, jogos eletrônicos e de interpretação – RPG).
Essa competência decorre de previsão constitucional, regulamentada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e disciplinada por Portarias do Ministério da Justiça. A classificação indicativa se encontra consolidada como política pública de Estado. Os seus símbolos são reconhecidos pela maioria das famílias que, segundo pesquisa nacional, os utiliza para escolher a programação televisiva, os filmes e os jogos que suas crianças e adolescentes devem ou não utilizar. 

No intuito de fortalecer ainda mais a ideia de co-responsabilidade entre Estado, família e sociedade (na qual se incluem, as empresas de comunicação) é fundamental o pleno conhecimento dos mecanismos que envolvem a classificação indicativa das obras audiovisuais. 

O esforço de tornar cada vez mais clara a classificação indicativa vai ao encontro do propósito efetivo da política pública: fornecer instrumentos confiáveis para a escolha da família e a proteção da criança e do adolescente, contra imagens que lhes possam prejudicar a formação. 

Classificação Indicativa

É a indicação à família sobre a faixa etária para a qual obras audiovisuais (programação de TV, filmes, DVD, jogos eletrônicos e de interpretação – RPG) não se recomendam. A Classificação vincula a faixa horária à etária na televisão.

Modelos vigentes:






















Embasamento legal da Classificação Indicativa

A Classificação é embasada na Constituição Federal, no Estatuto da Criança e do Adolescente, nas Portarias MJ no 1.100/2006 e no 1.220/2007 e no Manual da Nova Classificação Indicativa (Portaria SNJ no 8/2006). A Portaria MJ no 1.100/2006 regulamenta a Classificação Indicativa de diversões públicas, especialmente obras audiovisuais destinadas a cinema, vídeo, DVD, jogos eletrônicos e de interpretação (RPG) e as Portarias MJ no 1.220/2007 e SNJ no 14/2009 regulamentam as obras audiovisuais destinadas à televisão. 

A portaria entrou em vigor no dia 11 de julho de 2007. A partir de abril de 2008, todas as localidades com fuso horário diferente de Brasília tiveram de passar a respeitar a vinculação horária à etária prevista pela Portaria. O horário de verão, quando em vigor, também deve ser observado pelas emissoras.

Obras passíveis de classificação indicativa

Devem solicitar classificação indicativa em análise prévia: obras para cinema, DVD, vídeo, jogos eletrônicos e jogos de RPG.

Devem solicitar autoclassificação todos os programas exibidos na televisão, exceto os programas jornalíticos, noticiosos, esportivos, a publicidade em geral, programas eleitorais e as obras que já tenham sido classificadas para outro veículo.

São dispensados de análise prévia – espetáculos circenses, espetáculos teatrais, shows musicais e outras exibições e apresentações públicas. Essas devem se autoclassificar segundo os critérios do Manual de Classificação Indicativa e deste Guia Prático, mas estão dispensadas de apresentar requerimento ao Ministério da Justiça. 

Censura

Não é a mesma coisa que classificação indicativa. O Ministério da Justiça não proíbe a transmissão de programas, a apresentação de espetáculos ou a exibição de filmes. Cabe ao Ministério informar sobre as faixas etárias e horários para as quais os programas não se recomendam. É o que estabelece a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e as Portarias do Ministério da Justiça. Como se pode observar, classificação Indicativa não é censura e não substitui a decisão da família. 

Requerimentos

O titular, ou representante legal da obra audiovisual, deverá protocolar o requerimento de classificação ou autoclassificação – encaminhando o documento via Correios ou pessoalmente – na Central de Atendimento da Secretaria Nacional de Justiça. A decisão sobre a Classificação Indicativa é publicada no Diário Oficial da União. Ela também pode ser acessada em www.mj.gov.br/classificacao

Fonte: http://pfdc.pgr.mpf.gov.br/atuacao-e-conteudos-de-apoio/publicacoes/comunicacao/guia-pratico-da-classificacao-indicativa

Aplicação na proposta:

Respeitando as normas de classificação indicativa, o projeto será proposto para o horário que melhor atinge o público-alvo, utilizando-se de linguagem não explícita, em caso de narrativa com conteúdo de violência e sexo. Propomos 19h.

Rádio Nacional


http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=GHeVdKDhb94

domingo, 3 de março de 2013

Radionovelas na Atualidade


Projeto - Universidade Federal de Pernambuco

A equipe do Universitária em Cena se propôs a realizar a produção de radionovelas atrativas e atuais, evidenciando a realidade no meio ficcional. As histórias - além de entreter e despertar emoções - tem como objetivo principal conscientizar a população sobre causas sociais.

Trazemos para conhecimento, um dos trabalhos da equipe, "Cicatrizes da Paixão": http://goo.gl/EhF86

Além de ouvir o trabalho, você pode também conhecer mais sobre o projeto, visitando: :http://goo.gl/F0J0E

Projeto do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia

O Instituto é ligado à Secretaria de Comunicação Social do Estado da Bahia, reúne três veículos de mídia: a Rádio Educadora – 107.5 FM, a TV Educativa da Bahia, mais conhecida como TVE Bahia, e o Portal do IRDEB. 

A comunicação de interesse público é o foco da instituição, que valoriza temáticas de identidades do estado e de produções culturais e expressões artísticas. A produção e veiculação de radionovelas é um dos modos escolhidos pelo Instituto para trabalhar as temáticas.


O catálogo com as diversas produções, pode ser acessado, por aqui: http://goo.gl/Tu7EH


Radionovelas Ajudam no Direito das Crianças.


A Rádio Nazaré FM e a organização não governamental Centro Artístico Cultural Belém Amazônia, denominada Rádio Margarida, firmaram uma parceria em trabalhos de divulgação de radionovelas e spots educativos, de cunho social.

O projeto conta com a participação de 100 agentes sociais que atuam em órgãos de defesa da infância e juventude no Pará.

No site, você encontra mais informações sobre o trabalho: http://goo.gl/rUqE3

Espiritismo em Áudio e Radionovela.


Nessa seção são disponibilizados livros espiritas em áudio, no formato MP3, interpretados no estilo Radionovelas.

Aqui você encontra a relação de radionovelas disponíveis para download: http://goo.gl/khP65


Postado por : Paulo Paixão.

Referências históricas


                                               Fonte: http://ricardommendes.blogspot.com.br/2010/09/radio-novela.html


“Brasileiro gosta de novela”, não faltam profissionais para defender essa afirmação, boa parte da população nega, mas o formato é bem sucedido há década, nas revistas, nas rádios e nas televisões.

A radionovela foi precedida pelo radioteatro, estrutura semelhante, mas em capítulos únicos, e passou depois a ser seriada. A primeira transmissão de radionovela com a estrutura lembrada até hoje, em capítulos dramatizados em áudio, foi “Em Busca da Felicidade”, iniciada no dia 05 de junho de 1941, permanecendo no ar através da Rádio Nacional do Rio de Janeiro com o patrocínio do Creme Dental Colgate até 1943.

Inicialmente, os folhetins eram adaptações de obras estrangeiras, a radionovela de maior sucesso no Brasil era um original do cubano Felix Caignet com tradução e adaptação de Eurico Silva. “Direito de Nascer” foi transmitida por 314 capítulos, por quase três anos, e foi parte importante da carreira de Paulo Gracindo.

Porém as radionovelas também ganharam autores nacionais, que seriam consagrados pela dramaturgia brasileira, como Dias Gomes, Mário Lago, Janete Clair e Ivani ribeiro, só para citar alguns.

Com o advento da televisão e, principalmente, sua popularização durante as décadas de 60 e 70, o rádio foi perdendo poder monetário e passou a ter dificuldades com a cara produção de radionovelas; em 70 elas estavam praticamente extintas. Muito autores e atores migraram para a televisão, sendo a telenovela de grande sucesso a rentabilidade até o momento, mas é importante dizer que no início muitas eram adaptações televisivas de radionovelas, demonstrando a força do formato.

Fontes: Dramas no rádio: a radiovela em Florianópolis nas décadas de 50 e 60 - MEDEIROS, Ricardo.

              Radionovela: A emoção da palavra (TCC - áudio) - FERREIRA, Cyro S M.


            

sábado, 2 de março de 2013

Sobre Nelson Rodrigues


30 anos de sua morte.

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=1RItaNRvYK8

 "Documentário: Nelson Rodrigues - A Eterna Alma Tricolor"

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=WIQDWhB_xcQ

Os Milagres da Sonoplastia

Na busca pela ambientação o Sonoplasta às vezes costuma ousar além da lógica e da racionalidade, criando sons que podem sequer existir, como por exemplo o grunhido de um animal extinto, antes mesmo de nosso aparecimento na Terra.

Outro fato curioso são os filmes de ficção científica como Star Wars e Star Trek (série), que utilizam sons de explosão no vácuo do espaço. O que contraria as leis da Física, pois as ondas sonoras só se propagam em meio material como nos gases, nos líquidos, e nos sólidos também.

Mas o interesse do Sonoplasta é estimular o espectador através de estímulos sonoros, mesmo que não se valendo de conceitos científicos, porém se apoiando na emoção que os efeitos sonoros podem proporcionar; pois imagina quão frustante seria um filme de Star Wars sem aqueles clássicos sons de explosão.

Constatando que nem sempre a realidade é tão atraente...

Saiba mais sobre as ondas sonoras em: http://goo.gl/FygLH
                                                     http://www.youtube.com/watch?v=aQFrl5rpXMg

Comparação de Sonoplastias (manual e digital) e Estrutura Necessária.

A Sonoplastia envolve vários elementos que geram efeitos sonoros, desde um simples golpe sobre uma mesa até as elaborações mais complexas, desenvolvidas por softwares de produção. Dessa maneira, neste tópico serão apresentadas algumas dessas formas artesanais de criação sonora e outras mais "sofisticadas".

As mais simples são denominadas "Efeitos Editoriais", como o som de uma buzina, assovios, etc. Sons muito comuns no passado, antes da intervenção de computadores. A geração de sons acontecia através da manipulação de objetos físicos ou concretos, como por exemplo fechar e abrir uma porta para estimular um efeito sonoro característico ou  até mesmo agitar certos tipos de papéis para gerar semelhança com o som de um trovão.

Os mais complexos são denominados "Efeitos Principais". Atualmente os efeitos sonoros e trilhas são geralmente produzidos por softwares de produção e edição musical e de vídeo tais como: Fruity Loops Studio, Vegas, Ableton Live, Reason, Logic Pro.

A estrutura necessária para a edição e criação desses determinados sons e trilhas está intimamente relacionada a habilidade do sonoplasta para manipular esses softwares. Sendo que muitos sonoplasta editam seus trabalhos em estúdios isolados acusticamente para não haver a contaminação de sons externos no momento da construção e da análise de sons e trilhas.

Portanto este site desenvolvido pela DJ Ban (Curso de DJ renomado nacionalmente) descreve de forma sucinta, mas interessante alguns dos softwares anteriormente abordados, vale a pena conferir: http://goo.gl/oIpIu

Embora existam certas diferenças entre os "Efeitos Editorais" e "Principais", ambos buscam a ambientação, aspecto fundamental para a Sonoplastia e discutido em postagens anteriores. Dessa maneira, mesmo usando materiais distintos um bom sonoplasta normalmente utiliza esses dois conceitos criando uma gama de efeitos rica e criativa.

Confira o vídeo abaixo para saber mais como funciona a edição de aúdio/vídeo, utilizando softwares (no caso Vegas 8.0).

http://www.youtube.com/watch?v=XaQfquSHK00

Fonte: http://martascg.wordpress.com/2011/02/11/composicao-audio-e-sonoplastia/


terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Peguem os lencinhos, sentem-se e chorem...

Fabiana Amaral


- “Senhoras e senhoritas, o famoso creme dental Colgate apresenta o primeiro capítulo da empolgante novela de Leandro Blanco, em adaptação de Gilberto Martins: Em Busca da Felicidade.


Foi assim que começou a história da radionovela no Brasil, na Rádio Nacional, em junho de 1941. Dramas já vinham sendo testados no poderoso veículo. Mas em forma de teatro, com poucos capítulos e bem curtos, a moda trazida de Cuba virou logo uma febre nacional.

O rádio ainda não era bem explorado comercialmente e a maioria de suas transmissões era dirigida ao público masculino. Foi essa a grande sacada das novelas que, na verdade, tiveram seu início com os folhetins publicados no rodapé dos jornais a partir de 1836.

Nos Estados Unidos (para variar, o tio Sam) começou-se a enxergar um filão de mercado no público. Isso lá pelos anos 30. Eram montados melodramas que faziam a mulherada se debulhar em lágrimas com histórias da carochinha. Mas ninguém dava importância para a irrealidade dos contos. A grande sacada era que, totalmente entretidas pelos dramas das personagens, o novo público-alvo, mulheres, na sua maioria donas-de-casa, absorvia tudo que lhes era despejado.

As propagandas inseridas nos dramalhões eram constantes e a indústria de sabonetes e perfumes fazia a festa com o potencial consumista até então desconhecido. Esses programas ficaram conhecidos como "soap opera" (ópera de sabão), por causa dos patrocinadores.

Mas vocação para dramalhões tragicômicos não tem outra origem que não a latina. Foi em Cuba e outras localidades de língua hispânica que o gênero se alastrou e arraigou feito câncer. E eram dessas localidades as peças consumidas pelas "senhoras e senhoritas" do Brasil.

Por aqui, as radionovelas eram disseminadas pela agência publicitária Standard Propaganda, que detinha a conta da Colgate-Palmolive. Vendo que os ianques se deram bem com a façanha inseriam com sucesso a mesma fórmula por aqui, nos horários matutinos e vespertinos, desprezados pelos comerciantes, mas comprovadamente rico em audiência feminina.

Radiomachismo

Uma nova tendência era percebida no comportamento social. A mulher agora era tida como mercado, mas sua condição não era nem um pouco exaltada. Os dramas retratavam o machismo social - não tão distante -, com histórias ressaltando o compromisso com o lar, a subserviência ao marido e as conseqüências de não ser uma boa esposa. Afinal, era dela a culpa das puladas de cerca do marido e "ai" se reclamasse.

Quanto mais fantasioso o enredo, mais lágrimas, mais comoção, mais alienação e mais dinheiro para os patrocinadores. Todavia, o público masculino começou a dar um pouco mais de atenção ao programa das senhoras. E para agradar também a esse público o jeito foi jogar um pouco mais de realidade nas tramas, e ainda assim não perder o ar "a la" México. Característica fundamental.

Nessa onda de sucessos estrondosos, destacou-se O Direito de Nascer, do cubano Félix Cagnet. Ele sabia que essa fórmula com sonhos, anseios e fantasias vendia muito, daí a necessidade de fazer chorar. E as lágrimas rolaram quando Maria Helena, disse ao doutor a clássica frase:

"Doutor, não posso ter este filho que vai nascer" (seguidos dos Oh! Ah!).
Mas nasceu, virou comoção nacional e foi visto, depois, na TV.

Embora o sucesso fosse grande e a massificação irremediável, demorou para a radionovela se tornar diária. Isso só aconteceu na década de 1960, com o advento da telenovela. E apesar de ser avidamente consumida no Brasil, as produções radiofônicas eram veiculadas duas vezes por semana, num tempo de 20 minutos, aproximadamente. Pouco até, para o estrago que faziam.

Em trabalho acadêmico, Antonio de Andrade, professor de Comunicação Social na Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), cita o sociólogo Orlando Miranda, que dá uma idéia do que era o rádio em seu apogeu. Ele afirma que "o impacto do rádio sobre a sociedade brasileira a partir de meados da década de 30 foi muito mais profundo do que a televisão viria a produzir 30 anos depois". Para isso, as radionovelas foram fundamentais.

A moda se propagou e não só a Rádio Nacional detinha a guarda da criança. Todas começaram a produzir suas novelas, que alçavam à fama seus radioatores. Mas com a massificação da tevê, que teve sua primeira novela em 1951, as coisas pelo rádio começam a cambalear e o declínio pôde ser visto a partir da década de 1960, para culminar com o fim da radionovela em 1973. Isso oficialmente, pois com a facilidade e o baixo custo de produção, o gênero pode ser observado em várias regiões brasileiras. Principalmente no Norte e Nordeste. Sendo uma alternativa às caras produções televisivas.

Que o gênero novelístico seja classificado como cultura e lisonjeado pelas rodas intelectuais e artísticas tudo bem, mas conhecendo a origem mais popular que se intensificou no rádio chega a se fazer necessária uma reflexão sobre as novelas atuais. Para tanto basta lembrar com que objetivo começaram: incitar o consumismo. Senhoras, senhoritas e senhores, peguem os lenços e chorem. 


Postado por Paulo Paixão.

Recursos Sonoros


Segundo a definição geral, Sonoplastia é a comunicação pelo som, quer seja na fala, em ruídos ou com música. De fato a Sonoplastia transmite a alma da situação em um determinado contexto. Por exemplo,  em um longa-metragem de Terror se a Sonoplastia não transmitir medo e tensão, gerando no espectador o afloramento de seus instintos de pouco adianta sua influência.

Dessa maneira, a sonoridade quer seja no Rádio ou na TV é de grande importância para permear certas emoções inseridas em um determinado período de uma obra. E no projeto elaborado será apresentada a técnica envolvendo todos os efeitos relacionados a adaptação da obra de Nelson Rodrigues "A Dama da Lotação".

Tal obra, como muitas, fala por si própria com seus efeitos gerados quase que inconscientemente em nossas mentes e a função da Sonoplastia neste momento será de potencializar essas sensações, proporcionando ao ouvinte uma imersão quase que completa na "realidade" retratada na obra.


Portanto, em breve estaremos disponibilizando todos recursos utilizados. Fique atento!

Bruno Alves.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Conto para releitura - A Dama da Lotação


A Dama do Lotação
Nelson Rodrigues

Às dez horas da noite, debaixo de chuva, Carlinhos foi bater na casa do pai. O velho, que andava com a pressão baixa, ruim de saúde como o diabo, tomou um susto:
— Você aqui? A essa hora?
E ele, desabando na poltrona, com profundíssimo suspiro:
 — Pois é, meu pai, pois é!
— Como vai Solange? - perguntou o dono da casa. Carlinhos ergueu-se; foi até a janela espiar o jardim pelo vidro. Depois voltou e, sentando-se de novo, larga a bomba:
— Meu pai, desconfio de minha mulher.
Pânico do velho:
— De Solange? Mas você está maluco? Que cretinice é essa?
O filho riu, amargo:
— Antes fosse, meu pai, antes fosse cretinice.  Mas o diabo é que andei sabendo de umas coisas... E ela não é a mesma, mudou muito.
Então, o velho, que adorava a nora, que a colocava acima de qualquer dúvida, de qualquer suspeita, teve uma explosão:
— Brigo com você! Rompo! Não te dou nem mais um tostão!
Patético, abrindo os braços aos céus, trovejou:
— Imagine! Duvidar de Solange!
O filho já estava na porta, pronto para sair; disse ainda:
— Se for verdade o que eu desconfio, meu pai, mato minha mulher! Pela luz que me alumia, eu mato, meu pai!


A SUSPEITA


Casados há dois anos, eram felicíssimos. Ambos de ótima família. O pai dele, viúvo e general, em vésperas de aposentadoria, tinha uma dignidade de estátua; na família de Solange havia de tudo: médicos, advogados, banqueiros e, até, ministro de Estado. Dela mesma, se dizia, em toda parte, que era "um amor" ; os mais entusiastas e taxativos afirmavam: "É um doce-de-coco". Sugeria nos gestos e mesmo na figura fina e frágil qualquer coisa de extraterreno. O velho e diabético general poderia pôr a mão no fogo pela nora. Qualquer um faria o mesmo. E todavia... Nessa mesma noite, do aguaceiro, coincidiu de ir jantar com o casal um amigo de infância de ambos, o Assunção. Era desses amigos que entram pela cozinha, que invadem os quartos, numa intimidade absoluta. No meio do jantar, acontece uma pequena fatalidade: cai o guardanapo de Carlinhos.  Este curva-se para apanhá-lo e, então, vê, debaixo da mesa, apenas isto: os pés de Solange por cima dos de Assunção ou vice-versa. Carlinhos apanhou o guardanapo e continuou a conversa, a três. Mas já não era o mesmo. Fez a exclamação interior: "Ora essa! Que graça!". A angústia se antecipou ao raciocínio. E ele já sofria antes mesmo de criar a suspeita, de formulá-la. O que vira, afinal, parecia pouco, Todavia, essa mistura de pés, de sapatos, o amargurou como um contato asqueroso. Depois que o amigo saiu, correra à casa do pai para o primeiro desabafo. No dia seguinte, pela manhã, o velho foi procurar o filho:
— Conta o que houve, direitinho!
O filho contou. Então o general fez um escândalo:
— Toma jeito! Tenha vergonha! Tamanho homem com essas bobagens!
Foi um verdadeiro sermão. Para libertar o rapaz da obsessão, o militar condescendeu em fazer confidências:
— Meu filho, esse negócio de ciúme é uma calamidade! Basta dizer o seguinte: eu tive ciúmes de tua mãe! Houve um momento em que eu apostava a minha cabeça que ela me traia! Vê se é possível?!


A CERTEZA


Entretanto, a certeza de Carlinhos já não dependia de fatos objetivos. Instalara-se nele. Vira o quê? Talvez muito pouco; ou seja, uma posse recíproca de pés, debaixo da mesa. Ninguém trai com os pés, evidentemente. Mas de qualquer maneira ele estava "certo". Três dias depois, há o encontro acidental com o Assunção, na cidade. O amigo anuncia, alegremente:
— Ontem viajei no lotação com tua mulher.
Mentiu sem motivo:
— Ela me disse.
Em casa, depois do beijo na face, perguntou:
— Tens visto o Assunção?
E ela, passando verniz nas unhas:
— Nunca mais.
— Nem ontem?
— Nem ontem. E por que ontem?
— Nada,
Carlinhos não disse mais uma palavra; lívido, foi no gabinete, apanhou o revólver e o embolsou. Solange mentira! Viu, no fato, um sintoma a mais de infidelidade. A adúltera precisa até mesmo das mentiras desnecessárias. Voltou para a sala; disse à mulher entrando no gabinete:
— Vem cá um instantinho, Solange.
— Vou já, meu filho.
Berrou:
— Agora!
Solange, espantada, atendeu. Assim que ela entrou, Carlinhos fechou a porta, a chave. E mais: pôs o revólver em cima da mesa. Então, cruzando os braços, diante da mulher atônita, disse-lhe horrores. Mas não elevou a voz, nem fez gestos:
— Não adianta negar! Eu sei de tudo! E ela, encostada à parede, perguntava:
— Sabe de que, criatura? Que negócio é esse? Ora veja!
Gritou-lhe no rosto três vezes a palavra cínica! Mentiu que a fizera seguir por um detetive particular; que todos os seus passos eram espionados religiosamente. Até então não nomeara o amante, como se soubesse tudo, menos a identidade do canalha. Só no fim, apanhando o revolver, completou:
— Vou matar esse cachorro do Assunção! Acabar com a raça dele!
A mulher, até então passiva e apenas espantada, atracou-se com o marido, gritando:
— Não, ele não!
Agarrado pela mulher, quis se desprender, num repelão selvagem. Mas ela o imobilizou, com o grito:
— Ele não foi o único! Há outros!


A DAMA DO LOTAÇÃO


Sem excitação, numa calma intensa, foi contando. Um mês depois do casamento, todas as tardes, saia de casa, apanhava o primeiro lotação que passasse. Sentava-se num banco, ao lado de um cavalheiro. Podia ser velho, moço, feio ou bonito; e uma vez - foi até interessante - coincidiu que seu companheiro fosse um mecânico, de macacão azul, que saltaria pouco adiante. O marido, prostrado na cadeira, a cabeça entre as mãos, fez a pergunta pânica:
— Um mecânico?
Solange, na sua maneira objetiva e casta, confirmou:
— Sim.
Mecânico e desconhecido: duas esquinas depois, já cutucara o rapaz: "Eu desço contigo". O pobre-diabo tivera medo dessa desconhecida linda e granfa. Saltaram juntos: e esta aventura inverossímil foi a primeira, o ponto de partida para muitas outras. No fim de certo tempo, já os motoristas dos lotações a identificavam à distância; e houve um que fingiu um enguiço, para acompanhá-la. Mas esses anônimos, que passavam sem deixar vestígios, amarguravam menos o marido. Ele se enfurecia, na cadeira, com os conhecidos. Além do Assunção, quem mais?
Começou a relação de nomes: fulano, sicrano, beltrano... Carlinhos berrou: "Basta! Chega!". Em voz alta, fez o exagero melancólico:
— A metade do Rio de Janeiro, sim senhor!
O furor extinguira-se nele. Se fosse um único, se fosse apenas o Assunção, mas eram tantos! Afinal, não poderia sair, pela cidade, caçando os amantes. Ela explicou ainda que, todos os dias, quase com hora marcada, precisava escapar de casa, embarcar no primeiro lotação. O marido a olhava, pasmo de a ver linda, intacta, imaculada. Como e possível que certos sentimentos e atos não exalem mau cheiro? Solange agarrou-se a ele, balbuciava: "Não sou culpada! Não tenho culpa!". E, de fato, havia, no mais íntimo de sua alma, uma inocência infinita. Dir-se-ia que era outra que se entregava e não ela mesma. Súbito, o marido passa-lhe a mão pelos quadris: — "Sem calça! Deu agora para andar sem calça, sua égua!". Empurrou-a com um palavrão; passou pela mulher a caminho do quarto; parou, na porta, para dizer:
— Morri para o mundo.


O DEFUNTO


Entrou no quarto, deitou-se na cama, vestido, de paletó, colarinho, gravata, sapatos. Uniu bem os pés; entrelaçou as mãos, na altura do peito; e assim ficou. Pouco depois, a mulher surgiu na porta. Durante alguns momentos esteve imóvel e muda, numa contemplação maravilhada. Acabou murmurando:
— O jantar está na mesa.
Ele, sem se mexer, respondeu:
— Pela ultima vez: morri. Estou morto.
A outra não insistiu. Deixou o quarto, foi dizer à empregada que tirasse a mesa e que não faziam mais as refeições em casa. Em seguida, voltou para o quarto e lá ficou. Apanhou um rosário, sentou-se perto da cama: aceitava a morte do marido como tal; e foi como viúva que rezou. Depois do que ela própria fazia nos lotações, nada mais a espantava. Passou a noite fazendo quarto. No dia seguinte, a mesma cena. E só saiu, à tarde, para sua escapada delirante, de lotação. Regressou horas depois. Retomou o rosário, sentou-se e continuou o velório do marido vivo.

O texto acima, extraído do livro "A vida como ela é...", Companhia das Letras - São Paulo, 1992, pág. 219, é um de seus mais famosos contos, tendo sido tendo sido adaptado para o cinema com grande sucesso.